Pablo Neruda: Literatura e Política

Em 12 de julho de 1904, Ricardo Eliécer Neftali Reyes nasceu na cidade de Parral no Chile. Filho de um ferroviário José Ángel Reyes e de uma professora primária Rosa Neftalí Basoalto Opazo, porém, ficou órfão de mãe logo ao nascer. Viveu a infância em Temuco, no sul do país, quando publicou seus primeiros poemas. Adotou o pseudônimo Pablo Neruda inspirado no poeta francês Paul Verlaine e no escritor tcheco Jan Neruda. Posteriormente, Pablo Neruda se tornou se nome civil, modificado legalmente.

Nesta data, Pablo Neruda foi nomeado cônsul chileno em Rangum (hoje Yangon), na Birmânia (hoje Myanmar). Em seguida, representou o Chile no Siri Lanka, Java e Singapura. Continuou escrevendo obras baseadas no surrealismo e em tom pessimista como ruína, desintegração e morte, exprimindo a visão de um mundo caótico. Como cônsul chileno e em visita a Buenos Aires, conhece e se torna amigo do poeta Federico Garcia Lorca. Ele ainda representou o Chile na Espanha, primeiro em Barcelona e depois em Madri. Ao estourar a Guerra Civil Espanhola, ele escreveu sua obra España em el Corazón (1937). Este momento direcionou o posicionamento político do poeta que se ancorou ao marxismo, passando a defender então, ideais de cunho comunista. Sua reflexão, como de muitos intelectuais da época, foi baseada na luta antifascista, os horrores da guerra e a consolidação de Hitler no poder.

Por sua intransigente defesa do povo chileno e de oposição ao presidente, ao qual acusa de defensor dos interesses norte-americanos, o então senador comunista Ricardo Reyes Basoalto (este era o verdadeiro nome de Pablo Neruda será perseguido. Em 1948, Neruda foi exilado pelo presidente Gabriel González Videla, que o acusou de injúria e também tornou ilegal o Partido Comunista. O poeta teve que fugir secretamente para a Argentina em um cavalo, e depois para a Europa.

O partido Comunista do Chile lançou o nome de Pablo Neruda à presidência da República e ele discursa em todo o território nacional. Porém, ele renunciou à sua pré-candidatura à Salvador Allende. Este é eleito presidente em 04 de setembro pelos partidos da Unidade Popular. Os dois são homens de posicionamento político à esquerda, de origens sociais distintas (Allende é um pequeno burguês e Neruda vem da classe média) e que se conheceram em 1939 e trocaram cartas entre 1969 a 1973. Morrem no mesmo mês e no mesmo ano.

A vida de Neruda é atravessada pela política e a literatura. Em 1970, seu nome é lançado como pré-candidato para a eleição presidencial do país. O poeta indica em seu lugar o socialista Salvador Allende que vence em 1971. E é neste ano que Neruda recebe o Prêmio Nobel de Literatura através da sua trajetória de um pensamento humanista iniciado com Crepusculario, seu primeiro livro de 1925. Entre suas principais obras estão Residência na terra, Canto Geral, Odes Elementares, Confesso que vivi, 20 poemas de Amor e uma Canção Desesperada e Versos do Capitão.

Pablo Neruda morreu em 23 de setembro de 1973, doze dias após o golpe militar de Augusto Pinochet no Chile. Ele lutou contra um câncer de próstata e estava na Clínica Santa Maria de Santiago, no Chile. Seu corpo é enterrado em um mausoléu da família. Em função do golpe de Estado, havia toque de recolher em todo o Chile, desde a queda de Allende. O corpo do poeta foi velado em sua residência chamada La Chascona que estava depredada pela ação dos partidários militares. Seu cortejo foi acompanhado ao cemitério por uma multidão. As pessoas cantavam a Internacional e frases de efeito por Neruda e Allende. Seu funeral e sepultamento foram os primeiros atos manifestação pública de resistência e oposição civil ao governo militar instaurado após o golpe. Entretanto, em 1992 seu corpo é levado para Isla Negra para ficar junto ao de sua esposa, Matilde Urrutia, realizando seu último desejo de vida.

A Fundação Pablo Neruda foi criada em 04 de junho de 1986 através do seu testamento que designou a criação da Fundação, sua organização estatutária e nomeação de diretores e conselheiros. O intuito de Neruda era propagar seu legado poético, artístico e humano a todo tipo de público. A Fundação conta com a revista Nerudiana e um site institucional da Fundação que contém obras, biografia do autor, notícias, acervo fotográfico, endereços e informações dos museus casas, etc., além das três casas de Pablo Neruda – La Sebastiana (1961), La Isla Negra (1937) e La Chascona (1953) - convertidas em museus-casas.